domingo, 29 de abril de 2012

Ilumina-me

Salvador Dali


Quando o quarto minguante 
lá do alto vai rompendo 
Deixa o ceu envolto em prata
Um raio de luz vai nascendo

Movo montanhas, serras e penhascos
Na busca incessante do teu ser
Perco-me, sozinha na noite
No frio procuro me aquecer

A noite continua o meu refúgio
É nela que me sinto segura
Quantos olhos observam
no seu olhar, mais uma criatura

Ouço a tua voz chamar por mim
Ao longe contemplo simples luminosidade
É a chama do Amor
Que nos envolve pela imortalidade 

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Já vou.

O fim de tarde, fresco para a época, foi brindado com chuva. Uma chuva miudinha que quase não se via, mas sentia-se.
Pela encosta, o nevoeiro descia, uma vez mais, para cobrir a cidade com o seu manto protector. Protecção pelos seus moradores, pelo seu casario, pelas suas plantas. Gostava de tocar cada um de forma especial. Era através dele que os olhos se abriam mais para tentar ver mais longe. Era através dele que as casas sentiam o suave toque que teimava em bater uns dias mais forte que outros, tentando entrar. E depois afasta-se a sorrir, enquanto as portas, janelas, paredes e telhas, se ajustavam de novo. As plantas, essas sorriam pelas pequenas gotas que a terra sugava, fazendo-as chegar bem perto das suas raízes, fortalecendo-as.
Era na noite que as almas mais sonhadoras, viajavam pelo mundo.
O nevoeiro por vezes, corria atrás delas. Tentava protegê-las, fazendo com que chegassem seguras ao corpo despojado na cama, no sofá.
Será hoje um dia de fuga? Será que irei longe?
Hoje sei, que a viagem será certamente bem acompanhada.
Alguém espera por mim.
"-Já vou, não demoro quase nada! É só o tempo de desligar o pc, e os olhos se fechar."

Osso de leão

Estamos sempre a aprender com os filhos, e é bem verdade.
O D. vai ser operado no dia 10 de Maio em Montemor-o-Novo aos polegares.
Curioso como é, ouviu a explicação que o médico nos deu, do que lhe ia acontecer e é engraçado ouvi-lo dizer:
-"O doutor vai cortar os meus dedos, tira o osso estragado e põe um osso de leão!"
-"De leão? De leão não, filho!"
-"Do leão, que é o rei da selva, e o mais forte."
Pronto e eu calei-me.
Será as influências leoninas do avô J??

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Dia Mundial do Livro

Hoje é o Dia Mundial do Livro.
Nos dias que correm, praticamente todos os dias, é dia nacional, internacional, mundial de qualquer coisa. Uns mais importantes que outros, mas o que importa é serem recordados, nem que seja uma vez por ano.
Gosto muito de livros, do cheiro que eles têm. O encanto que é pegar um livro novo, vê-lo, cheirá-lo, senti-lo. Sentir todas as suas arestas, todas as suas folhas, a capa. Com os livros velhos, o encanto é outro. Tentar imaginar que pessoas já pegaram neles, que pensamentos terão tido ao ler as suas folhas.
Não tenho tantos como gostaria.
Já me enviaram endereços de sites de partilhas de livros, mas sou muito egoista com o os meus livros. Talvez por serem poucos e realmente meus, tenho-lhes uma paixão imensa. Sou incapaz de me separar deles.


Este é o livro da minha vida, eheh.
Já o li e reli, dezenas de vezes.
É muito velhinho. A edição que tenho data de 1956, as páginas são cozidas com linha, as suas folhas estão num tom amarelo escuro. A capa, agora, está forrada por papel para não se danificar. Um dia emprestei-o e quando o devolveram vinha com as capas soltas. Em casa, sozinha, sem ninguém ver, até chorei. Jurei nunca mais emprestar livros.
A história, bem a história só podia ser romântica, triste, sofrida.









Tenho outros livros preferidos.
E sou daquelas leitoras, que, quando um livro me fascina, sou capaz de passar uma noite inteira a ler, e muitas das vezes só reparar nas horas quando o despertador toca para supostamente me levantar para ir trabalhar.
O 1º livro que li?


Foi este, "roubado" da prateleira do tio F.
Tantas horas passadas, no quintal dos avós, debaixo da videira a ler. Nos dias mais frios, à janela da sala, a ver a paisagem alentejana a perder de vista.
Muitas vezes a biblioteca, primeiro no Palácio Amarelo, depois no antigo quartel dos Bombeiros perto da Sé Catedral, posteriormente no Convento de Santa Clara foram a minha casa de leitura, a minha distração durante longas tardes.
Muitas vezes levava-os para casa, e como os tratava muito bem (até tinha uma sacola de pano onde os transportava, pois o suor das mãos podia estragá-los), deixavam-me levar mais do que o permitido. No dia seguinte ia sempre entregar um.
Quantas vezes dei por mim a copiar pequenos excertos de livros que gostava. Na altura as fotocópias eram caras e o dinheiro não abundava.
Gosto de me ver rodeada de livros.
Na mesinha de cabeceira, estão sempre dois. Quando as noites são propícias a insónias e a inspiração para a escrita anda pelas ruas da amargura, pego num livro e leio, mesmo que seja pela centésima vez. eheh.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Amor

Mors-Amor

Esse negro corcel, cujas passadas
Escuto em sonhos, quando a sombra desce,
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas,

Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?

Um cavaleiro de expressão potente,
Formidável, mas plácido, no porte,
Vestido de armadura reluzente,

Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz: "Eu sou a Morte!"
Responde o cavaleiro: "Eu sou o Amor!"

                            Antero de Quental

Chamam-me "nomes"

Não me basta ser conhecida pela "menina do sangue", como qualquer dia passar a ser conhecida, também, pela "Carlota caça-mortos".

Aulas de Inglês

Um conselho de uma ruim cabeça.
Quando estiverem a ver o emblemático concerto dos Queen em Wembley em 1986, quando Freddie Mercury interage com o público e no fim volta-se para a plateia e diz um espectacular "Fuck you" , aconselho-vos a não ver essa parte com crianças de 3 anos.
Para além de imitar o Brian May a tocar guitarra foi a única palavra que ficou a conhecer em todo o concerto.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Eu e as manicures

Como menina que sou, deveria ser mais prendada para as artes de pintura, manicure, cabeleireiro.
Pois mas a verdade é que não sou.
O cabelo sempre curto ou despenteado tem razão de ser. Não é moda, é porque não o sei arranjar.
Só uso lápis preto nos olhos e baton para o cieiro, pois o eyeliner quando o experimentei colocar parecia a subida para a Serra da Estrela com tanta curva, e o baton mais parecia que me tinha esborrachado em alguma árvore.
Isto sem falar nas mãos (garças a Deus que a mana é manicure), pois quando as visitas não são muito assíduas e tenho que as arranjar, é cada unha do seu tamanho, e quando passa para a pintura, até o D. as consegue pintar melhor que eu.
Ainda este fim de semana a mana pintou-me as unhas de roxo. Ontem ao fazer a limpeza da Primavera no serviço, lasquei três unhas. Feita esperta hoje de manhã, pintei por cima. ERRO!!! Deveria ter tirado primeiro o verniz e voltar a pintar. Hoje tenho umas pinturas rupestres nas unhas.
Acho que devo ter faltado às sessões que as mães, avós, tias dão às meninas "casadoiras".
Ahh já sei onde andava. Numa biblioteca próxima à cata de mais um livro para "devorar"!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Viagem Atribulada

A manhã de sábado encontrava-se ventosa e bastante chuvosa.
Dia de levantar cedíssimo para ir trabalhar.
Estava um dia de Inverno, bastante frio.
Cheguei ao serviço toda molhada, pois com a chuva batida a vento, não havia guarda-chuva que me tapasse.
A viagem era curta, pouco mais de 25km. A 3km do destino começa a cheirar a queimado, o motorista pára o veículo, abre o capot e era só fumo, fumo a sair.
Saímos para a berma da estrada e por incrível que pareça, os 20 minutos que ficámos à espera que nos viessem buscar, com uma carrinha parada com o logotipo do Hospital, não parou ninguém para ver se precisávamos de ajuda. NINGUÉM!!
Estivemos à chuva, ao frio.
Só consegui aquecer-me já em casa, depois de tomar um belo banho e beber um griponal para o caso de o bichinho gripal querer entrar em briga com o meu fraquito organismo.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Primavera envergonhada

O azul celeste deu lugar a um cinza esbranquiçado, que por vezes fica de um negro tenebroso.
O vento acompanha a mudança das cores na paleta da natureza. Acho até que estas pequenas alterações são feitas por tal senhor. Inspira e o cinza tenbroso aparece, expira e o cinza esbranquiçado segue pelo horizonte.
As árvores essas dançam ao suave toque ventanoso.
Por vezes umas pingas teimam em cair meio envergonhadas.
Tem sido assim o dia de Primavera, o dia de aniversário do avô mais querido e do qual sinto tantas saudades, um dia de azar/sorte por aqui terras do Alto Alentejo, mais propriamente Portalegre.

Balanço do 2º Período Escolar

Comecemos então pelo pior.
O D. é uma fera. Ele distribui "amizade" tanto pelos maiores que ele, como pelos mais pequenos. Muito democrático.
Por outro lado já gosta da oposição. "Gostaram da História?" "Sim!!" respondem os colegas. O D. responde "Não!!".
Não gosta de misturas nas brincadeiras, quando é para se divertir, afasta os colegas de todas as maneiras possíveis e impossíveis até ficar sozinho na brincadeira.
Por outro lado, é o 1º a chegar quando é necessário arrumar a sala, ajudar a professora nas mais diversas tarefas e é muito mimoso.
Tenho que dizer que o D. tem 3 anos e é menino.
Ele é muito jogo de futebol, corridas no pátio, fazer de bombeiro a apagar um fogo com a mangueira de regar as plantas ligada e a correr para cima dele, é Gormitis, Bakugans, Bocas, Scooby Doo (esta é a recente paixão), touradas, e tratar dos animais da quinta em casa dos tios.
Tem energia para dar e vender e nem parece que fez um cateterismo cardíaco com 1 mês de vida.
Por outro lado temos a princesa da casa.
A A.S. (12 anos), calma, traquinas dentro do normal, sorridente, dançarina.
Já anda no 6º ano, e teve umas notas excelentes.
Língua Portuguesa - 4;
Inglês - 3;
História e Geografia de Portugal - 5;
Matemática - 4;
Ciências da Naturza - 4;
Educação Visual e Tecnológica - 5;
Educação Física - 4;
Educação Musical - 5
Desde o 1º ano que é uma excelente aluna. Só às vezes a conversa nas aulas, as sms, os piropos dos meninos é que estragam tudo. Não é por ser minha filha, mas é muito bonita (não sai à mâe).
Ah o pirata também é muito bonito, mas esse é mais parecido com a mãe.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Unidos

Quantos dias já passaram?
Quantas noites?
Unidos até ao último suspiro. Unidos numa busca incessante da eternidade onde possamos viver o nosso desejo, o nosso amor.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Limpezas de Primavera

Todos os anos a mesma situação.
Chega a Primavera, os dias ficam maiores, a temperatura fica mais agradável, embora este ano até o Inverno tenha tido temperatura agradável.
No serviço há ficheiros de registos de dadores desde que o Hospital abriu, quer isto dizer 37 anos. A maioria consta no chamado ficheiro geral, que se sub-divide nos ficheiros do presente ano, o ano anterior e os dos concelhos. Um pouco confuso, mas que facilita a vida a quem está no terreno. Sim ainda trabalhamos com uma ficha de cartolina onde se registam as dádivas dos dadores e acreditem que funciona melhor que os cartões tipo multibanco, onde a maioria das vezes não conseguimos registar a dádiva.
Olha, a menina Carlota, como se não tivesse sarna para se coçar, inventou de fazer uma limpeza ao ficheiro. Tudo o que tem mais de 65 anos (idade limite para se poder dar sangue) saí, e dentro desses ir em busca dos falecidos.
E começamos na letra A.
Vai dar trabalho, mas em menos de três meses espero ter o ficheiro em ordem e com menos 500 fichas ou mais no ficheiro geral.
Isto é mesmo de quem não tem nada para fazer. Até parece!!!
Com a vinda dos pardais, desde Fevereiro que as terças e as quintas feiras são bem movimentadas. Para quem ainda não sabe, os pardais, são os meninos que estão na escola da GNR, sim os futuros agentes da autoridade que irão para a rua, lá para final do ano, para nos defender, dizem eles e pensamos nós.
Desde que aqui estou neste serviço (3 anos) tem sido o pior grupo de todos. Muito mariquinhas, desmaiam por causa de uma agulha, ai ai o que nos espera.
E por falar em limpezas de Primavera, hoje está frio e a chover, eheh.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Boas Notícias

Não posso deixar de dar esta novidade aos meus leitores, seguidores e afins.
Há mais ou menos dois meses, recebi um comentário no meu blogue, que não era mais do que um convite para escrever uma história em 2-3 folhas, e enviar por e-mail.
No início duvidei um pouco, publiquei o comentário e não liguei muito.
As minhas Princesas Cozinheiras, enviaram logo um e-mail a perguntar o que estava à espera para concorrer. O Anónimo Luís também perguntou o que estava à espera.
Decidida a escrever, faltava a história. Mas ainda tinha mais de 20 dias para a escrever. Inspiração zero, não saía nada, o tempo a ficar mais curto e nada.
Esqueci um pouco o assunto e uma noite em que o Morpheu andava longe, comecei a escrever. Mostrei à Anónima Marisa e ela achou a primeira parte espectacular, mas o resto uma desgraça. Pensei desistir.
Mas a seis dias do prazo estipulado para a entrega do conto, mandei o Morpheu pastar e passei uma noite a escrever o que foi enviado a essas três pessoas que me incentivaram a escrever e depois do veredicto final, enviei o conto "O Anjo".
Passado quase 15 dias da entrega, hoje por volta das 14:00h recebo um e-mail a dizer que o conto foi seleccionado para fazer parte de uma Colectânea.
Como não sei se posso adiantar mais alguma coisa, só quero dizer que fui seleccionada!!!
Foi a 1ª vez que concorri.

Lampião

Lisboa, 5 de Abril, 5:00h
Os benfiquistas apoiam o seu clube em mais uma chegada ao aeroporto.

Lisboa, 6 de Abril
Durante o voo da Ucrânia para Portugal, ouvem-se os adeptos leoninos a cantar "..ainda bem que não nasci lampião.." e " e quem não salta é lampião, olé, olé".
Verifico que nós Benfiquistas, somos mesmo uma grande nação, um grande clube, pois os outros até nas vitórias pessoais, se lembram de nós. Mais, nem sabiam fazer a festa se nós não existíssemos.

Cuidado com o que desejas

Não bastava ter dormido mal de noite, ter acordado às 6:00h da manhã para ir trabalhar, senão ainda levar com utentes armados ao pingarelho.
Por alguns defeitos que os colegas de trabalho possa ter, são nossos colegas e como sempre, armada em Madre Teresa de Calcutá, lá fui, mais uma vez, em defesa do médico com quem trabalho.
Não gosto de homens com a mania que são engraçados e que por terem uma farda, ou pistola (eheheh) são superiores aos outros.
De facto o senhor em questão não é um Adónis, mas é preocupado com os dadores, embora eles não reconheçam isso.
Entra o dito cujo, pelo serviço sem dizer bom dia. Pensei "Já começámos mal!".
"- Hoje há colheitas?"
"-Sim."
"-Ainda é o mesmo médico que aí está?"
"-Sim."
"-Quando é que se livram dessa peça?"
"-Desculpe!"
"-Sim, o médico que aí têm."
"-Peço imensa desculpa mas não estou a entender o que o senhor está a dizer. Está a falar do Dr. J, que por acaso é médico e director deste serviço?"
"- Esse mesmo."
"-Não sei o que o senhor quer dizer. Às vezes é mais a fama que o proveito. Embora só aqui esteja, neste serviço há 3 anos, conheço o dr. há 12 anos e até agora nunca tive razão de queixa dele. Acabou com alguns vícios que os dadores tinham e ainda bem, por isso é que não gostam dele..."
"-Não sou obrigado a gostar."
"-Pois não, e eu também não sou obrigada a gostar de si, e estou aqui a atendê-lo atenciosamente, com um sorriso."
Sei que o senhor em questão podia fazer uma participação, mas acho que não fui mal educada, nem malcriada, atendendo às questões colocadas pelo dador.
Quando ele se dirigiu à parte de enfermagem, desejei tanta coisa ruim para o dito senhor, que não é que teve que ser picado mais do que uma vez, e mesmo assim, não conseguiu terminar a dádiva.
É que já não é a 1ª vez que isto me acontece, eheheh
Para a próxima tenho que ter mais cuidado com o que desejo.

domingo, 8 de abril de 2012

Sombreado


Quantas sombras serão precisas para ensombrar o meu ser?
Quantas manchas a marcar os meus dias?

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Páscoa Feliz

A todos quantos me visitam desejo uma Santa Páscoa.
O bolo finto do Alentejo, foi criação do marido.
O ovo pintado foi criação minha, só podia!!

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Orgulho em ser Benfiquista

O meu Benfica perdeu, mas atenção perdeu dignamente e nunca, nas duas mãos, baixou a cara à superioridade monetária vigente. Sim, temos que falar em superioridade monetária, pois se assim não fosse, os dois árbitros e os fiscais de linha respectivos teriam "visto" os dois jogos com outros olhos.
Chegámos a Stamford Bridge com uma equipa desfalcada. A ausência do "patrão" Luisão, obrigou Jesus a colocar à frente da baliza Benfiquista Emerson e Javi Garcia. Ora o meu Javi pujante como é, já se antevia que iria distribuir cacetada e os "blues" iriam aproveitar a deixa para sacar um penalti, que aconteceu logo aos 20 minutos, pois o sr. Skomina "viu" bem o lance, pena ter falhado em tantos outros que seriam decisivos para o meu Glorioso.
Tanto cartão amarelo para os meus meninos, em sete minutos e por protestos!! Oh sr. Skomina tenha vergonha! À conta disso, Maxi Pereira foi expulso aos 40 minutos, pois já tinha levado a cartolina amarela no lance do penalti. Saiu triste. Gostei de ver o David Luiz a "consolar" o antigo companheiro de campo. Foi bonito de se ver.
Mas adiante que não sou jornalista desportiva.
Gostei da exibição do meu Glorioso, mesmo a jogar com 10 jogadores durante toda a segunda parte, mostrámos a nossa raça, e os "blues" bem tremeram algumas vezes. E mesmo quando Javi Garcia subiu bem alto e cabeceou a bola. Cech foi batido nas alturas!
Aqui o sonho reavivou-se. Ainda seria possível conseguir passar, mas o tempo não estava a nosso favor.
Gostei de ver a prestação do Yannick Djaló (sim, sei que escrevi um post a reclamar com o meu Jesus por ter feito tal contratação). O pequenino assustou o gigante Cech!
Mas o pesadelo estava para chegar e através de um português. Raul Meireles depois de roubar a bola a Aimar, remata e acaba com o sonho. Logo um português? Logo o Meireles?
Jogamos de forma soberba, mesmo com a equipa a meio gás, e a jogar com 10 mais de metade do jogo, fizemos uma exibição magnífica e mostrámos que não somos movidos a dinheiro. Não ganhámos à custa dos dólares de alguém.
Não bastou a 1ª mão, pois também nesta fomos roubados.
Fala-se tanto do Chelsea, mas afinal somos melhores que eles, que só nos ganharam com a ajuda do 12º jogador.
Só pedia ao sr. Michel Platini que não deixe passar este caso em vão, que dê credibilidade à queixa que o meu Glorioso vai apresentar. Por isso se ouviam ontem os adeptos benfiquistas a gritar o seu nome.
Orgulhosa em ser BENFIQUISTA!!!!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Em estágio (BENFICA!!!!!!!)

Prestes a entrar em estágio para o grande jogo, hoje às 19:45h.
Stamford Bridge será o palco do acontecimento.
Partimos em desvantagem, mas não está nada perdido.
O sr. Abramovich diz que dá 50 mil euros a cada jogador se passar à fase seguinte. Acho que hoje até os vemos a comer a relva.
Estou confiante no meu Benfica, mas ter que arranjar dois centrais até à hora do jogo, só com passe de magia.
Mas essas tácticas de treinadora, deixo para o profissional Jesus.
É sair do serviço, ir buscar o filho à pré-escola, ir para casa, jantar à hora do lanche, e às 19:45h a família em frente ao televisor para ver o Benfica.
Groselha e pipocas para aliviar o stress. Só espero não ficar com nenhuma pipoca atravessada no gargantil, eheheheheheh

terça-feira, 3 de abril de 2012

We Are Young ft. Janelle Monáe [OFFICIAL VIDEO]




Uma "descoberta" da Vanda Miranda da Rádio Comercial, que gosto.

domingo, 1 de abril de 2012

Um Delírio XXVI

NOTA: Peço desculpa aos leitores assíduos do "Delírios" por esta demora. Foi o capítulo mais dificil de escrever, pois estou a falar duma situação na qual não vivi, situações pelas quais não passei, e sendo uma situação real, não podia inventar. O resto é o delírio da minha alma.

(Continuação)
Ficou um calor intenso depois da tempestade. Um calor sufocante, que dificultava a respiração.
Fomos encaminhados para uns jipes. Por nós passavam dezenas de militares que tinham acabado a "comissão".
"-Vamos a despachar seus merdas! Agora é que vão ver o que é o inferno!"
Comentários que faziam voltar o meu olhar. Para que inferno me tinham enviado? Eu não pedi para vir para aqui. Os sorrisos estridentes, o olhar vazio, uma loucura o que nos aguardava. Por nós passavam jovens, muitos já nem sabiam o que ali estavam a fazer, feridos, muitos feridos. Esta imagem da nossa chegada, acompanhou-me durante meses.
Os Unimog iriam fazer o transporte em várias fases, pois cada um só levaria 11 homens de cada vez. Isso dar-me-ia alguma margem de manobra para ir ao "encontro". Teria que arranjar uma maneira de escapar sem Ana Maria dar por isso.
"-Que calor!"
"-Um calor insuportável, nada como em Lisboa."
"-Ana, queres água? Espera aí um pouco que já volto." E antes que ela dissesse algo, dei meia volta e segui.
Cheguei perto de um militar, e após lhe mostrar o envelope que me tinham entregue, ele mesmo fez questão de me levar à dita morada.
Poucos minutos de conversa foram os suficientes para entender que a minha "missão " em Angola era vigiar Ana Maria. Todas as semanas alguém iria ter comigo e teria que dar todas as informações do que ela tinha feito, com quem tinha falado.Enfim iria ser um "bufo".
As primeiras semanas passaram depressa, o nosso aquartelamento ficava na parte norte de Angola. Uma terra árida, vermelha, um calor intenso. Os tempos que não eram passados na actividade operacional, eram os mais livres, arranjar os telhados de zinco, as casernas, fazer fornos de pão, a aperfeiçoar os abrigos subterrâneos. Até aí as desconhecidas artes de engenharia eram postas à prova por vários soldados. Algumas vezes aplicavam-se algumas das técnicas aprendidas com os locais para fabrico de tijolos de adobe, tectos de colmo. Uma vez até de uma caixa velha de madeira, se fez uma câmara de televisão que deu para "filmar" um jogo de futebol e algumas reportagens para os familiares em Portugal. Pena ser tudo a fingir, mas deu para passar o tempo. Um dos momentos mais aguardados era a chegada do correio. Dezenas, centenas de soldados ansiosos por saber notícias de casa, outros para receber os aerogramas das "moças casadoiras". Havia quem tivesse duas ou mais, assim como os fieis com a moça do aerograma que diziam eles que era para casar. De vez em vez, Ana Maria recebia notícias da mãe. Nesses momentos, vinha chamar-me para lermos a carta juntos. Como ninguém me escrevia, este era o momento que mesmo sabendo que a carta era para ela, também eu a tinha como se fosse só para mim. O que eu desejava receber notícias dos meus pais, de alguém que escrevesse só para mim, só a pensar em mim.
Os momentos de combate eram os mais complicados.
Nunca tinha passado pela IAO (Intrução de Aperfeiçoamento Operacional), por isso tinha aprendido por mim a proteger a minha vida, a proteger a vida de Ana Maria. Era enfermeira, mas por vezes, rebelde como sempre fora, queria ir na coluna na picada. O pó que ficava a cada passagem dos veículos na época seca. Eram horas passadas na coluna, era aí que as conversas mais íntimas se faziam com o camarada do lado, se sabia o que se tinha deixado para trás. Era também nessas alturas que aconteciam emboscadas.
"-Ana, já cá estamos à quanto tempo?"
"-Quinze meses. Conto todos os dias e no fim agradeço a Deus o termos sobrevivido."
"-Olha que eu tenho visto a maneira como o Rodrigues olha para ti."
"-Estás armado em pai?" e deu uma gargalhada enorme."-Não te preocupes, sei cuidar de mim."
"-Calem-se!"
Ficámos em alerta, os nossos olhos, o nosso corpo, a G3, voltavam-se em todas as direcções. Saltámos do jipe e fomos seguindo, olhando em todas as direcções. Um primeiro rebentamento de mina, fez-nos deitar ao chão, de seguida, soaram rajadas de tiros de todas as direcções. Arrastámo-nos pelo chão, tentando encontrar algo que nos abrigasse. Ana Maria seguia a meu lado, o seu olhar denotava medo. 
"-Tenho que ver se alguém precisa de ajuda."
"-Agora não! Fica a meu lado! É uma ordem!"
Quando chegámos perto da mata que nos circundava, os tiros pareceram acalmar. Ouvia-se gemidos, gritos de dor. Eram homens, soldados, camaradas, amigos nossos que ali estavam. Com a vida suspensa e nós sem podermos fazer nada. Do sítio onde estávamos, vimos um camarada. Estava imóvel, não sabia se estava morto, se estava vivo. Rastejámos mais um pouco até chegar a ele. Já nada havia a fazer!
Comecei a chorar. Não era a primeira vez que chorava em alturas de emboscadas. Sim tinha medo! Quem não tinha? Olhei para Ana Maria. Também ela chorava. Pressentimos que alguma coisa má estaria prestes a acontecer. Senti a mão de Ana segurar a minha, fortemente.
"-José, irei amar-te sempre!"
"-Ana, também te amo!"
Ela chegou perto de mim, beijou-me. Correspondi. Era um beijo! Mas um beijo que de verdadeiro amor nada tinha. Um amor de amizade que sempre sentimos um pelo outro.
Ao longe ouvia-se o som dos helicopteros. Já estava a chegar a nossa ajuda. Iria tudo correr bem.
Começaram a ouvir-se de novos tiros vindos de todos os lados. Os nossos camaradas ripostavam e as coisas acalmaram. Ajudámos a levar os feridos para os helis.
"-Ana vais com este grupo!"
"-José fico aqui a ajudar-te."
"-Nada disso! Vais!"
Quando entrou o último ferido, empurrei Ana para dentro do heli. Ela sorriu.
"-Sim, papá vou já. E ainda bem pois o Rodrigues também vai." sorriu.
Antes da porta fechar-se, Ana voltou-se para me fazer adeus. Nesse momento um tiro furtivo, acerta em Ana Maria. O seu corpo é atirado ao chão. Corro na sua direcção. 
"-Ana estou aqui. Não digas nada. Estou aqui!"
Ana olha para mim. Do seu corpo o sangue escorre sem parar. O seu olhos marejados de lágrimas, a sua respiração ofegante no início, quase se deixou de ouvir.
Entro para o heli, e a porta corre atrás de mim para se fechar. Levantamos voo.
"-Rápido!"
Encosto a minha cabeça à de Ana e assim me deixo ficar.
"-José!"
"-Sim estou aqui, não digas nada!"
"-Protege a minha mãe. Diz-lhe que a amo muito."
"-Sim vou dizer e a teu lado."
"-José vive por mim, por aquilo que acredito, sê feliz!"
"-Ana, não te canses. Já falamos."
Senti a sua mão apertar fortemente a minha. Olhei para Ana e vi o seu olhar despedir-se de mim.
O meu coração ficou tão apertado, o meu olhar triste não deixava de ver Ana por um segundo sequer. Aos poucos o seu corpo deixou de batalhar pela vida, o seu olhar, foi ficando vazio, parado.
Não podia ser, não podia ser. Não a Ana.
O Dr. Vasco tentou fazer a reanimação, mas já não havia nada a fazer.
Ana Maria tinha morrido.
(continua)

Chuva

Assim como se de uma mentira se tratasse, ela chegou.
O final do dia de ontem, fez anunciar a sua chegada, a aragem fresca, húmida, o cheiro da terra molhada, embora não houvesse sinal algum da sua presença.
O corpo repousava serenamente na cama. Os cabelos emaranhados em cima da almofada, os braços dobrados por baixo da almofada. Primeiro foi o cheiro que despertou os meus sentidos. Água! 
Cheirava a água, não uma água caída do céu sem nexo, cheirava a água que caía na terra, terra essa que há meses que ansiava o seu toque. Um toque suave. O toque da água a entrar pela terra, escorrendo, percorrendo caminhos secos, agrestes. As raízes agitam-se, tentando sugar o mais rápido possível as pequenas gotas que passam por perto. Meses e meses de grande seca.
Mais em cima, as árvores, as plantas dançam! Todos os movimentos graciosos com o único objectivo de conseguir apanhar a maior quantidade de água possível. Agora sim, de novo brilhantes!
Levantei-me, encaminhei-me para a janela. O dia estava a nascer. A chuva caía, uma pequena neblina assolava a paisagem até onde a minha vista alcançava. Não estava a sonhar! Não podia ser mentira do 1º de Abril. Está de facto a chover. Abri a janela e estiquei os braços, que aos poucos foram ficando molhados. Parecia que a chuva, tal como fazia no interior da terra, entrava pela minha pele, tentando chegar à corrente sanguínea. Fazia-me falta, sentir a chuva no meu corpo. Aos poucos as mãos, depois os braços, e por fim todo o corpo ficou frio. Mas um frio que soube tão bem.
Fechei a janela, deixei a cortina aberta e fiquei a ver a chuva cair.
Voltei a deitar-me e adormeci.