segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Um sonho

A chuva lá fora convida a uma tarde enroscada no sofá, sem nada para fazer, simplesmente ficar ali.
Vejo nas notícias os pequenos "temporais" pelo país.
O dia está cinzento, praticamente negro, pelas nuvens carregadas que teimam em cair, sem pedir licença. O vento sopra forte, levando tudo à frente.
A chávena de chá encontra-se na mesinha, perto do sofá. Já pouco resta. O livro, entreaberto ainda no início deixa antever uma leitura tardia e nada empolgante. Os livros, ou me entusiasmam logo de início, ou nada feito. Tão depressa leio um livro num dia, numa noite, como posso demorar meses a ler outro.
Apago a televisão. O livro encontra-se no chão. Do chá, apenas ficou o aroma a frutos vermelhos pelo ar, ao qual se junta o de uma vela acessa com perfume a frutos e especiarias... deixei-me ir, calmamente de encontro aos braços de Morpheu.
A chuva continua a cair. As árvores "dançam" ao som do vento, que as ondeia apaixonadamente.
Não sei onde me encontro, a paisagem que vislumbro parece saída de uma floresta que faz lembrar os filmes do senhor dos aneis.
O vento gelado passa pelo meu corpo. Percorro um caminho trilhado. Os ramos das árvores roçam no meu corpo, ferindo-o. Nada sinto. Apenas quero percorrer aquele caminho. Onde me levará, não sei. Apenas sei que é por ali que quero ir.
Ao fundo, algo mexeu. Será humano? Será animal?
Parei.
A chuva molha-me o rosto, não me deixando ver nítidamente.
É uma pessoa, pelos menos o corpo assim o indica.
Sigo devagar.
O frio passou, a chuva já não me molha.
Estás à minha frente. Não sinto medo. Os teus olhos negros cegam-me. As tuas mãos, quando me tocam, queimam-me. Quero fugir. Não consigo.
Inclinas-te na minha direcção.
Os teus lábios tocam nos meus, suavemente...sugando-me a alma....
Ouço a chuva bater fortemente na vidraça. Abro os olhos. A minha sala, o meu sofá, a minha manta.
Foi um sonho. Foi um sonho.

Sem comentários:

Enviar um comentário